Após conhecer mais de 120 países, a apresentadora do Jornal da Record revela os sabores que experimentou e os que levou para casa
Por Talita Moli
Fotos Daniel Cancini
Quando criança, a jornalista Ana Paula Padrão olhava o cerrado da cidade de Brasília e sentia um desejo latente de conhecer o mundo além da poeira do Distrito Federal. Observava os terrenos baldios ocupados por ciganos e pensava “que vida interessante seria morar em acampamentos e conhecer diversos lugares. De alguma maneira, quero ser como eles”. Para realizar o sonho de infância, Ana formou-se em Jornalismo e, como repórter especial da TV Globo e do SBT, teve a oportunidade de visitar 127 países. Atualmente, como âncora do Jornal da Record, Ana Paula viaja menos – mas a paixão ficou: foi durante essas viagens que Padrão descobriu o prazer de cozinhar. “Hoje vejo a gastronomia como uma manifestação cultural, mas, quando eu era solteira, sempre escutava minha mãe dizendo ‘não dependa do seu marido; tenha uma profissão’. Então, na minha cabeça, cozinhar estava associado às mulheres que não trabalham”, conta.
No decorrer da carreira, e logo nas primeiras viagens, o pensamento de Ana Paula em relação à cozinha mudou, riqueza de detalhes possível, por isso tenho de saber também o que aquele determinado povoado come e porque come aquilo. No Níger, norte da África, por exemplo, a população come gafanhotos para que eles não devastem a plantação”, explica a jornalista.
Na cozinha de Ana Paula Padrão
O universo gastronômico fisgou a jornalista de tal forma que, da maioria das viagens, ela traz para casa os temperos locais. Por isso, até separou um espaço na geladeira de casa para os condimentos importados. “É difícil encontrar os temperos tailandeses, balineses e indianos no Brasil. Quando vou para esses países, compro e congelo os temperos, uma vez que as receitas desses lugares são muito ricas em molhos e para atingir o sabor característico é preciso acrescentar os condimentos ideais”, revela. A cozinha oriental, aliás, adquiriu um lugar de destaque na vida da âncora da Record. Mas sua culinária é variada. Em casa, ela montou uma cozinha aberta, quase profissional, para receber os amigos. Nos fins de semana, com o marido, o economista Walter Mundell, ela reúne todos para preparar um prato. “No inverno, eu gosto de fazer Beef Bourguignon e Cataplana de frutos do mar. No verão, vou para a praia e faço os pratos do lado de fora de casa”.
A vida da jornalista é tão ligada à gastronomia que seu pedido de casamento ocorreu na França e, coincidentemente, quando o casal estava a caminho de um restaurante.
Os sabores do mundo
É possível fazer uma enorme lista das receitas interessantes que Ana Paula já experimentou. Entre as prediletas, estão as pois em diversas expedições foi preciso estudar as tradições alimentares locais. “Eu presto muita atenção nos outros; isto é ser jornalista. Tenho de contar a história com o máximo de “marmitex” japonesas, em especial as da ilha de Okinawa. São uma espécie de estojo com pequenas porções de algas, raízes e carne de porco, para se comer em casa ou na rua mesmo. Apesar de não ser muito consumida no Japão, na ilha se come muito a carne de porco. “O diferencial dessa carne é que, depois de horas cozinhando, derretendo toda a gordura, ela fica supersaborosa”. Porém, nem todas as experiências internacionais e gastronômicas foram boas. Padrão recorda de uma bebida típica do Himalaia, feita partir da manteiga do leite do iaque, um animal parecido com o boi, que vive nas montanhas da região. A manteiga é misturada com água quente e sal e é servida dessa forma, principalmente aos visitantes – que estranham muito…
Experiências com comidas ruins foram inúmeras, mas a ponto de passar mal foram poucas, mesmo tendo ficado em regiões de conflito armado ou de extrema pobreza. “Eu passei muito mal apenas uma vez. Foi na Etiópia, na cidade de God, quando visitei a casa de uma senhora que servia comida local. O prato era preparado à base de carne moída, com temperos da região. Eu vi passar diversos insetos durante todo o jantar, mas não podia fazer desfeita e não aceitar. Logo depois de comer, senti os efeitos e, ao chegar ao Brasil, o médico detectou infecção alimentar por Salmonella”.
Dicas gastronômicas
Para conhecer um pouco da culinária local, Ana Paula, sempre que possível, faz cursos rápidos na região. Quando não encontra cursos ou os horários das aulas são incompatíveis, pede para conhecer a cozinha do hotel onde está hospedada. Foi dessa maneira que aprendeu um de seus primeiros pratos. “Comi um risoto maravilhoso, conversei com o chef do hotel e ele me descreveu o preparo do prato. Ele usava um tipo de arroz próprio para risoto que na época não era vendido no Brasil”, conta. E o risoto foi seu modelo para o prato que preparou na cozinha do restaurante Le Vin, nos Jardins, um dos preferidos da apresentadora. Sob a supervisão atenta do chef Marcilio Araújo, ela produziu um Risoto de camarão com champagne e laranja que, na aparência e no sabor, ficou dentro do padrão de uma grande chef.
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