Foi na França que o craque descobriu um dos seus “esportes” preferidos: a gastronomia

Por Paulo Pedroso Fotos Raul Zito
Não é difícil concluir que Raí Oliveira gosta de comer bem, basta analisar as mulheres que fazem parte da sua vida. Cristina, com quem ele se casou muito cedo, teve duas filhas e viveu por 18 anos, chegou a ter um restaurante na Vila Beatriz, o Bellíssimo. Já Danielle Dahoui, a segunda, dispensa apresentações. É uma chef de cozinha e restauratrice de sucesso (Ruella), bastante conhecida no circuito gastronômico paulistano. Com ela, Raí teve uma filha e manteve um relacionamento de seis anos.
Mesmo gourmet assumido, e longe dos gramados há mais de uma década, ele não descuida da forma física e acabou de estrear num programa matinal da TV Globo como incentivador oficial de um grupo de pessoas que querem emagrecer sob a supervisão de uma equipe médica. Além disso, desenvolveu o “Raí Training”, um programa de condicionamento físico com base em sua experiência, que está implantado em várias academias. Muitos jovens que hoje cultuam as peripécias de um certo moicano santista não sabem que nos anos 90 o São Paulo também teve seu time de sonhos e colecionou títulos sob o comando de Telê Santana. Raí foi o capitão e a estrela desse time – entraram para a história, por exemplo, os dois gols que marcou na final do mundial interclubes de 1992, no Japão, vencido pelo São Paulo.
Em 1993, ele se transferiu para a França para jogar no Paris Saint Germain, o PSG, onde permaneceu por cinco anos, conquistou vários títulos e se tornou ídolo da torcida. Muitas das suas características e ações atuais, como gostos e escolhas profissionais, se devem à sua adaptação ao modo de vida francês. Ele é tão ligado em arte e design que até o camarote que possui no estádio do Morumbi foi projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake. O espaço, que abriga até 90 pessoas, vai além de ser um local confortável e exclusivo para assistir a jogos e shows. Raí transformou a diversão em negócio e aluga para atividades corporativas e eventos culturais.
França, a melhor escola
Embora já gostasse de comer bem, foi na França que ele conheceu pra valer os verdadeiros “esportes nacionais”, a gastronomia e os vinhos. Mas seu gosto é bem eclético e até simples. Em São Paulo, por exemplo, frequenta a Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, reduto de intelectuais, como Xico Sá e Matthew Shirts, entre outros. A “Merça”, como é chamada pelos íntimos, serve um disputado pastel que tem hora marcada pra passar de mesa em mesa. Mas o lugar que ele mais visita para brunches e jantares é mesmo o Ruella, o restaurante que ele já frequentava mesmo antes de se apaixonar pela dona, Danielle Dahoui, com quem, depois do casamento, mantém uma relação de amizade hoje em dia. O local tem aquilo que os verdadeiros amantes da gastronomia gostam: atmosfera. Algo inexplicável que está além da boa comida. Lá, seus pratos preferidos são clássicos do sudoeste da França como o Confit de Pato. O vinho naturalmente é francês, de preferência Borgonha.
A dica de Alain Ducasse
Depois de quase 20 anos, Raí ainda é lembrado pelos franceses. Recentemente o MEDEF, uma instituição francesa nos moldes da nossa FIESP, reuniu alguns notáveis de diferentes áreas para um evento cujo tema era Audácia. Raí foi um dos ilustres convidados para falar sobre sua vida e carreira. Entre os seus colegas, estava o multiestrelado chef francês Alain Ducasse. Numa conversa informal, ele recomendou ao craque uma casa em São Paulo que até então ele não conhecia, o Maní, da chef Helena Rizzo. O Maní, que hoje Raí frequenta, está hoje na lista dos 100 melhores do mundo da revista Restaurant. Outra descoberta recente que ele faz questão de destacar é o recém-aberto Chef Vivi, também na Vila Madalena. Viviane Gonçalves, a Vivi, morou seis anos na Inglaterra e se mudou para Beijing, em 2004, onde abriu um restaurante de cozinha contemporânea, o Alameda. Fez tanto sucesso que recebeu por três anos consecutivos os prêmios de Melhor Restaurante e Melhor Chef de uma publicação chamada That’s Beijing. No ano passado, Vivi voltou para o Brasil e abriu sua casa em São Paulo.
Questão de imagem
Poucos ex-atletas conservam uma imagem tão positiva e afinada com o espírito do seu tempo como Raí. Seu nome hoje é sinônimo da Fundação Gol de Letra, uma ONG reconhecida como exemplar pela UNESCO, que promove a inserção social de milhares de jovens através da cultura e do esporte, que ele criou em 1998 em parceria com o também ex-jogador e hoje dirigente de clubes europeus, Leonardo. Sobre o relacionamento com o sócio e melhor amigo, ele garante que a única desavença que às vezes ocorre entre eles é quando o assunto é gastronomia. Ao contrario de Raí, um francófilo assumido, Leonardo é um fervoroso defensor da cozinha italiana como a melhor do mundo. Já sobre vinhos, os dois concordam. A França é imbatível.
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